Code Geass – ep 1 – Esses olhos
Sessão nova no Anime21! Essa não é tão diferente do que já nosso leitor já está acostumado: é análise episódio a episódio de algum anime. Mas não é de anime da temporada! É de um anime já encerrado há algum tempo e que, por acaso, o redator nunca havia tido a oportunidade de assistir. Chamo-a se Sessão Vintage! A diferença da sessão vintage para uma resenha é que em uma resenha faz-se apenas um artigo do anime inteiro, com ou sem spoilers, de anime que o redator pode ter acabado de assistir bem como pode tê-lo feito há anos. Já a sessão vintage destina-se a animes que o redator está acompanhando nesse momento, pela primeira vez na vida (ou quase como se fosse), e constitui-se de artigos de episódio (ou no caso de animes muito longos pode ser escrita por arcos também ou algo do tipo).
E o primeiro anime que eu escolhi para estrear a nova categoria é Code Geass! Acabo de assistir o primeiro episódio, nunca havia assistido antes (embora é lógico que, se tratando de obra tão famosa, eu já vi e ouvi spoilers mil sobre sua história e personagens) mas faço-o agora e acompanho essa experiência com artigos. E o que achei dessa estreia? Leia e descubra!
O Reino Unido, ou como quer Code Geass, o império de Britannia, dominou o mundo inteiro. Ou assim me parece. Faltava apenas um despeitado arquipélago do Extremo Oriente até então conhecido como “Japão” que, se a legenda estiver certa, considerava-se “neutro”. Neutro em relação a quais polos? Se só existe Britannia… mas ok, provavelmente isso é algo cujo significado se perdeu na tradução. Apesar de possuir poucos recursos naturais próprios e de não poder contar com o comércio internacional por razões óbvias, ainda assim o Japão era “rico” e por isso foi invadido por Britannia. Corajoso esse povo japonês, não é? Se opondo ao mundo e tal. Um dado aleatório: as baixas calculadas para a Operação Downfall (invasão das ilhas japonesas nunca realizada ao final da Segunda Guerra, substituída ao invés pelos bombardeios atômicos) variam entre a partir de 200 mil até 4 milhões de aliados ocidentais e até 10 milhões de japoneses, entre militares e civis (o Japão Imperial havia treinado cerca de 28 milhões de civis para que compusessem uma milícia para se opôr à iminente invasão). Esses números não incluem as estimativas dos soviéticos, que planejavam ao mesmo tempo invadir Hokkaido. Os bombardeios atômicos mataram “apenas” algo entre 200 e 900 mil japoneses, e essa é a melhor defesa que a opção nuclear possui ainda hoje. Britannia escolheu invadir mesmo e, segundo Code Geass, teve seu sucesso garantido pelo uso pioneiro de robôs gigantes.
Irônico que justamente o Japão tenha sido derrotado graças à robôs gigantes, não é? E robôs muito mais eficientes que bombas atômicas, como bem se nota. Eu não sei porque o Japão se opôs tanto em primeiro lugar e tampouco entendo porque Britannia insistiu em dominar o país asiático, mas bem, só sei que foi assim. Para ser justo, fiquei com a impressão que talvez Britannia não domine o mundo inteiro. Quero dizer, a invasão ao Japão seria muito mais fácil se realizada através da China e da Coreia, mas ao invés disso Britannia preferiu invadir através de uma longa travessia pelo Pacífico, partindo dos EUA, com operações também a partir do Alasca através das Ilhas Aleutas e Kurilas, bem como através das Filipinas. Então talvez Britannia não domine o continente asiático. Ou talvez apenas goste de um pouco de emoção – pelo menos um de seus generais se mostrou um amante de sentimentos radicais enquanto ignorava ordens e ao invés disso preferia exterminar alegremente japoneses civis indefesos.
Ok, o forte de Code Geass não é geopolítica. Não posso dizer ainda que seja seus personagens também dado que não tive tempo de conhecê-los. Só sei que um jovem Lelouch, britânico que por algum motivo vivia no Japão, jurou destruir o império global após o território ser invadido, ocupado e renomeado para Área 11. Se ele tinha a idade que aparentava ter, era uma criança bastante precoce, mas vá lá. Tudo isso ainda é prólogo. No tempo presente, ele é um estudante britânico que ainda mora no Japão, digo, Área 11, e tem por hobby derrotar de forma humilhante nobres ingleses metidos (e o anime se esforça em me convencer que essas três palavras juntas são um pleonasmo) em partidas de xadrez valendo dinheiro. Como ele ainda é adolescente e portanto um rebelde, e talvez porque ainda odeie sua terra natal desde criança, ele ignora solenemente uma ordem do príncipe Clóvis, regente da Área 11, e acaba se metendo em uma perseguição militar a terroristas que roubaram uma câmara cheia de gás venenoso. Um gás venenoso na forma de uma garota capaz de conceder super-poderes ao Lelouch e que não se apresentou ainda mas eu sei que se chama C.C.
Bom, acho que já destilei sarcasmo demais, hehe. Enfim, não se deixe levar por todas as minhas críticas, o episódio ainda assim conseguiu ser divertido. Quero dizer, o cara quer derrubar um império e ganhou um poder especial de uma garota. A ação foi divertida, a história tem potencial. Temo que o Lelouch talvez não seja muito bem desenvolvido – essa é uma maldição de personagens que já começam super-poderosos, mas quero ver pelo que ele vai passar e entender mais desse mundo, desses poderes malucos, dessa garota-gás venenoso, etc. Histórias assim costumam ter muito drama e terminar em tragédia e eu mal posso esperar por isso!
Gabriel Ferreira Paiva
Com o passar da serie a parte geoplotica é melhor explanada, assim como a historia do protagonista e os misterios que cercam o poder dele. O primeiro episodio realmente é apenas uma introducao que so com o passar dos outros pode se entender melhor e tal o contexto do anime. Acho que nesse comeco focaram mais em introduzir o universo da obra, apresentar um fato interessante, a perseguicao, e um final impactante pra motivar o telespectador a querer ver o resto pra entender melhor o plot que foi mostrado. De toda forma, esse é um anime que vale a pena ser visto e comentado, pois tem muitos topicos interessantes a se abordar sobre ele, e espero que como eu voce goste e se divirta com a obra x)!
Fábio "Mexicano" Godoy
Olá!
Acho que mesmo que expliquem, está num ponto em que não vai ficar suficientemente verossímil para mim. Mas eu sou um velho de 34 anos, Code Geass não foi feito para mim, e o primeiro episódio já deixou claro que nem é isso o que importa! É uma missão pessoal o Lelouch (anti-herói? anti-vilão?).
E sim, a ação foi fenomenal. Quero dizer, já está visivelmente datado em termos técnicos, mas está muito bonito, bem desenhado, bem planejado e executado. Acho que vou gostar de assistir Code Geass sim.
Obrigado pela visita e pelo comentário! =)
Kondou-san
Fábio finalmente arranjaste coragem para ver Code Geass, vais ver que não te vais arrepender de lhe dares uma chance, a primeira temporada em si, é meio lenta, mas a segunda temporada é melhor. É engraçado dares o nome de sessão Vintage ao artigos de code Geass, este anime já não é muito novo, eu lembro-me que vi a primeira temporada em 2008 e a segunda em 2010, por isso já lá vão uns bons anos. O curioso é que só vi este anime uma vez, sinto se o ver outra vez, vou reparar em erros que não notei à uns anos atrás, coisa que não quero, já que Code Geass é o meu anime preferido de mecha.
O episódio 1 da primeira temporada de Code Geass, serviu mais como prólogo, que outra coisa, serviu apenas para apresentar o personagem principal, a CC e a situação do mundo em que o anime começa.
O desejo de destruir o Império da Britania por parte do Lellouch, não é fútil nem cliché, eles tem dois grandes motivos para o fazer, que não vou dizer para não dar spoiler, mas ao longo do anime, vais começar a pensar no Lellouch como vilão, ele não é vilão ele é mais um anti-herói, ele tem planos para fazer o bem, mas segue a via mais sangrenta para o fazer, tudo para que o ódio das pessoas se foque nele.
O motivo do príncipe Lellouche estar no país Eleven, é simples ele é filho bastardo do Imperador com uma concubina japonesa, dai ele estar no Japão e de ser tão revoltado com o domínio Britânico.
Como sempre mais um excelente artigo Fábio, este em especial que me fez ter um momento nostalgia com este anime, artigo nota 10.
Fábio "Mexicano" Godoy
Anti-herói ou anti-vilão? Já vi que precisarei reestudar os clichês para analisar Code Geass, hehe.
E sim, como uma apresentação em linhas gerais foi muito bom ainda que eu, um velho, não o ache verossímil (na época talvez achasse, então entendo sua vontade de não revisitar a obra, hahaha).
Dos personagens ainda não há muito o que dizer, apenas tenho a impressão que o Lelouch vai se ferrar muito apesar de seu poder, ou pior, por causa dele. Isso é o que minha intuição diz, hehe. E a ação foi muito boa, nada a reclamar disso, sou apenas elogios.
Obrigado pela visita e pelo comentário =)
Kondou-san
Aquilo que eu acho que talvez vás gostar mais no anime é a evolução da tecnologia ao longo do anime, a tecnologia no final da segunda temporada já é completamente diferente da primeira. Isso e as boas lutas dos mechas e as jogadas politicas ao longo do anime, que vão melhorando ao longo do anime.
Como diz e bem a tua intuição o Lellouch vai se ferrar muito e dizer muito é quase um eufemismo, o grande destaque dele não é só o poder do Geass ou poder dos réis, ele também é um grande estrategista, mas até os grandes estrategistas também falham nas suas previsões daquilo que vá acontecer nas batalhas, coisa que vai acontecer muito ao Lellouch. Se eu tivesse que dizer alguma coisa do Lellouch, ele é um Kira da vida mas só que mais bem trabalhado e mais humano.
Fábio "Mexicano" Godoy
Interessante sua comparação com o Kira, de Death Note, outro anime que não assisti. Os dois são super-poderosos para seus propósitos desde o começo, possuem uma moral cinzenta, e … são ambos animes de 2006 =)
Tinha alguma coisa naquele ano que tornava esse tipo de história e personagem muito popular. Talvez fosse o sucesso do mangá de Death Note mesmo, que já tinha tempo de estrada e era famoso à época que ganhou anime.
Kondou-san
É impossível não comparar os dois maiores animes de 2016. Eu vi Death Note primeiro passou cá num canal de tv pago em 2007 e gostei do anime, na altura considerei-o um dos melhores que eu já tinha visto. Até que em 2008 descobri por acaso a primeira temporada de Code Geass e a minha opinião sofreu uma volta de 180%, Code Geass foi muito superior, em grande parte pelo seu protagonista e os outros personagens. A grande diferença entre o Lellouch e o Kira, é que o Kira no inicio tinha boas intenções, mesmo que em certos casos extremistas mas verossímeis, ele tinha um pouco de razão na sua maneira de pensar. Mas o Kira foi corrompido pelo poder que o Death Note lhe dava, tornando-o um psicopata maníaco. E aqui está a grande diferença entre o Kira e o Lellouch, o Lellouch com o seu poder dos réis, quase nunca se deixou dominar pelo seu poder, além de que até ao final ele era considerado o vilão mais vil que aquele mundo já tinha visto, bem eles sabiam que ele seria o salvador daquele mundo, a frase mais marcante que o Lellouch dizia era: Vou destruir este mundo e depois recontrui-lo. O Lellouch não queria apenas vingar-se ele também tinha a utopia de um mundo sem guerras. Tanto que os 50 episódios do anime, são a jornada épica da vingança do Lellouch e a sua ideologia de acabar com as guerras.