Tivemos outro episódio particularmente morno de Ao no exorcist. Pra ser sincero, enquanto adquirimos certas informações e resolvemos certos problemas, dificilmente escapamos da situação de suspeita e desconforto que vimos na seita no episódio passado. Se por um lado Rin parece estar cada vez mais próximo de recuperar seu ciclo de amizades (Shima, Kamiki e agora Shiori parecem estar dispostos a voltar tudo a como era antes), por outro a seita parece estar mais dividida do que nunca agora que os maiores suspeitos de traição são membros das 3 famílias principais (um deles sendo o líder da própria seita).

Eu não tenho o menor problema em começar a gratuitamente reclamar do Konekomaru, mas também até por uma questão de me manter consistente acho perfeitamente entendível que a raiva que ele sente por Satã seja direcionada a alguém que não controla as chamas como o Rin. O problema é que ele ter uma razão razoável não quer dizer que todas as pessoas devam ter essa raiva que ele tem, empatia é legal, mas ter empatia pelo próprio Rin faz parte das relações entre seus amigos. O Shima acha que simplesmente não faz sentido culpar alguém claramente bonzinho como o Rin por algo que o pai psicopata fez, muito menos que vale a pena ficar se estressando na situação ruim em que a seita se encontra e isso é perfeitamente entendível.

Afinal, não é como se o Rin tivesse escolhido ter nascido filho de Satã e muito menos ter herdado os poderes das chamas dele. No fim das contas, Rin, como qualquer outro, viveu sua vida normal ao lado de seu irmão até que um belo dia o homem que ele sempre pensou que fosse seu pai morreu vítima de um ataque de Satã e seus asseclas. Ele não é um parceiro de crime de Satã, muito pelo contrário, Rin é muito provavelmente a maior das vítimas da influência negativa que Satã tem.

Quanto ao número de suspeitos, ele foi dividido de forma bem extensa nesse episódio. Agora temos no máximo 6 suspeitos, havendo 3 principais, assumindo que só existe um espião (o que parece provável dado o quanto Mamushi e Juzo brigam e têm suspeitos diferentes), acho plausível aceitar que a versão que Juzo contou tem o que pelo menos ele e Mamushi conseguem concordar sobre o ocorrido (talvez ele esteja omitindo algo que ela não percebeu ou ela saiba de algo que ele não sabe, mas acho seguro assumir que pelo menos o que nos foi mostrado aconteceu).

Mamushi claramente estava alterada e fez diversas ações extremamente suspeitas, não só desconcentrou o mestre como tentou “proteger” o olho do fogo (é verdade que o olho estava sendo atacado, tanto que Shima o protegeu depois, mas como diabos ela saberia disso para início de conversa? Por que proteger o olho foi seu primeiro ato? Será que tudo realmente se resumia a missão da seita?). Juzo parece ser o que agiu da forma mais natural possível, e dado que Mamushi não se deu ao trabalho de negar, é porque deve ser verdade. E a relação que ambos tinham com o homem que roubou o olho esquerdo apenas torna a situação ainda mais suspeita.

No fim, lógico que as suspeitas penderiam para o único que não podia se defender, o monge mestre, pai de Suguro, que, afinal de contas, tinha como responsabilidade o controle do fogo que bem… saiu de controle. O fato do monge Tatsuma ter supostamente escondido a existência do olho esquerdo e de ter conhecimento de mantras que nunca foram ouvidos pelos exorcistas presentes, apesar de, teoricamente, Tatsuma nem ser um exorcista, também contribui para a já muito tempo criada atmosfera de suspeitas para com a extrema vaguidão com a qual o monge toma suas ações no templo.

No fim das contas, mesmo que você seja o representante de um local e tenha suas razões, se manter vago quanto ao que você faz sem nunca dar a menor satisfação aos seus subordinados mesmo que os negócios não vão bem é simplesmente algo detrimental. O contexto do templo serve pra mostrar o quão irrisória é a influência de um líder se o mesmo não souber mostrar o quão necessário e competente ele é, sendo por isso alguém que merece ter subordinados e seguidores. Tatsuma quebrou um dos princípios mais básicos do poder e não parece ter interesse em melhorar sua situação se afundando cada vez mais na discórdia do templo.

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