ACCA não sabe bem o que faz consigo mesmo pra dizer a verdade. O que diabos é o Jean? Por que eu ligaria pra quantos cigarros ele fuma? Qual o problema de um golpe de Estado que vai tirar um príncipe retardado que claramente vai destruir o Estado e começar uma guerra civil independente de tudo? Grossular o escolheu como bode expiatório para se tornar um falso intermediário sem motivo algum? E se sim, por que diabos botar o Crow para observá-lo se já sabe que ele na verdade não passa de um bucha? Pelo andar da carruagem temos muitas perguntas que se somam e poucas respostas mesmo com o contínuo infodump episódico que recebemos.  

Logo de primeira mão temos um looongo encontro entre Jean e a superintendente. Apesar de nosso protagonista estar absolutamente alucinado para conseguir um algo mais, para sua surpresa, ela queria apenas o óbvio, usá-lo como um interceptador para que aqueles que planejassem o golpe de Estado tivessem suas informações captadas por ele (muito provavelmente porque, como todo mundo do país, ela está sendo enganada pelos boatos do Grossular e achava que Otus tinha contatos com os revolucionários).

Esse seria um plano muito bom, se Jean tivesse a menor ideia de quem são os conspiradores (bom, pelo menos agora, depois da explicação básica do diretor, ele tem, mas antes ele não tinha absolutamente nenhuma leading já que bem…eles são os que estão manipulando ele) e se não fosse uma completa marionete do Crow, que descobriu sobre os planos da superintendente quase que de forma instantânea, bastou encher um pouco o copo do Otus e voilá (assim até eu viro espião).

A história do futuro golpe em ACCA é bem simples e crível: o Rei tolo e gentil conseguiu unir os 13 reinos com seu coração paciente e boa vontade, que permitiram que ele desistisse de boa parte do poder real ,se tornando basicamente o equivalente a um Imperador Japonês simbólico que tem a gerência governamental toda focada nos governos distritais, o administrativo ou até seus discursos na mão de seu Ministro e finalmente com toda a inteligência e aparentemente aplicação judicial focada na ACCA. Como simbolo comedor de bolos e acalentador do povo, não faz sentido reclamar do Rei atual, que faz tudo o que tem que fazer e ainda move as massas de forma satisfatória (apesar de ser simplesmente retardado os cigarros serem tão escassos no reino só porque o Rei é aparentemente um fumante inveterado).

Porém, a coisa muda completamente de figura quando o próximo herdeiro ao trono toma forma de um príncipe mimado e excêntrico digno de todos os esteriótipos de príncipe mal de contos de fadas. Quando a eminência governamental pende para um jovem cabeça dura e oca, que não só não tem intenções de manter o bom diálogo com a autonomia dos 13 distritos, como também quer reprimir as dimensões atuais de poderes que atuam sobre eles (ou seja, não basta planejar centralizar completamente o poder dos 13 distritos nas rédeas do falido sistema real, que era até agora só simbólico, como ele também quer dissolver o sistema judiciário e de inteligência mantedora da paz porque “só a família real pode ser um símbolo da paz”). É compreensível que a ideia de um golpe apetece o alto escalão da nobreza nessa situação que é basicamente o “agora ou nunca” para antecipar uma imensa guerra civil.

Esse título é bem auto explicativo pra ser sincero, acho que sempre acaba sendo assim: se o governante não presta pro que ele teoricamente tem que fazer (o que no caso do sistema de ACCA é literalmente só ficar sentado sorrindo e balançando a cabeça para o Presidente), ele simplesmente não vai conseguir seguir em frente com seu projeto de governo. É algo que foi repetido ad nauseaum por lindos teóricos políticos como Maquiavel, que provavelmente defenderia que se for para manter o poder tornar-se um monarca enfeite é justíssimo, e inclusive por Rousseau, que provavelmente se reviraria no túmulo com a noção de monarca de enfeite (apesar de defender um Estado não totalitário, ele acreditava que os monarcas/governo teriam uma função real enquanto fiscalizados pelo povo ao invés de serem fiscalizados por outros nobres/pseudo parlamentares da vida).

Ou você se adapta às mudanças ou é levado por elas. O vento pode soprar com toda sua força mas o aventureiro só vai tirar sua roupa de bom grado e diante do calor do sol, na política não adianta ser bruto, tem que saber negociar e planejar.  O Rei atual pode até ser um paspalho comedor de doces, mas no mínimo ele é um paspalho que soube como manter o governo por várias décadas criando uma atmosfera de paz nunca antes vista e que faz até membros da inteligência perderem seu tempo comendo bolos caros, comprando pães e fumando cigarros que só Deus sabe da onde vêm. Por enquanto ACCA está em uma zona morna, tem muito potencial mas não mostra tanto. É um anime que solta informações de forma inconsistente e que às vezes entrega demais ou não entrega absolutamente nada, deixando tudo ainda mais confuso.

Espero continuar a vê-los nessa viagem juntos.

  1. Acredito que a trama está finalmente avançando de forma mais coerente, mesmo com algumas informações jogadas no ar. O golpe de estado teve seus motivos revelados, sendo eles o herdeiro do trono e sua burrice. Podemos perceber outro lado do Jean também, ao demonstrar uma expressão diferenciada frente à bonita Mauve, que tem minhas suspeitas. O Rei surpreendeu todos, mas quem sabe apenas ter vários convidados seja agradável para ele? Agora que Jean sabe que está sendo usado, eu me pergunto o que ele vai fazer. Aliás, talvez Jean se torne o próximo rei, com uma breve sugestão de que ele possa ser o filho ilegítimo do Rei.

    Fora isto, ótimo post. Até!

    • Isso seria até bem interessante, e explicaria porque alguém tão aleatório como ele se destaca no meio de tantos nobres de alta patente, não faz muito sentido até agora o porque de todos estarem tão certos que Jean seria o mensageiro do golpe de Estado e tampouco faz sentido essa gama de cigarros que ele recebe, mas quem sabe não é porque ele têm alguma herança real.

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